Os portugueses e o fascínio pela política brasileira
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O Correio da Manhã trouxe uma entrevista a André Ventura. Eis algumas frases:
“Ser de centro-direita não é ser apologista do Estado Novo, da violência, ou do ódio. Ser de centro-direita é dizer às pessoas de etnia cigana que têm de cumprir como todos os outros, que deve haver castração química para os pedófilos, enquadrada na lei.”
“Acho que os casais de pessoas do mesmo sexo não deveriam adotar porque não estão feitos estudos suficientes, e que apoiar a eutanásia é desistir dos cuidados paliativos. O PSD pensa isto mas não quer dizer, porque quer agradar a todos. O Chega vai dizer o que pensa, mesmo em questões fraturantes”.
“Percebo que existam pessoas que não conseguem trabalhar e que têm de ser apoiadas pelo Estado – tenho uma matriz cristã. O que não posso aceitar é que haja uma parte do País que trabalhe para a outra metade.”
“O Chega vai procurar entidades que aceitem financiá-lo dentro da lei...no próximo mês estaremos em condições de entregar 7500 assinaturas, o que em três semanas é um recorde.”
“O fenómeno Marine Le Pen em França, tal como Viktor Orbán na Hungria e de Salvini em Itália, é o que acontece quando nós, democratas, não fazemos o trabalho a tempo. Estas coisas crescem e asfixiam o sistema.”
“Ainda ontem um jornalista ligou-me a dizer que tinha estado a falar com um constitucionalista para saber se era permitido em Portugal um partido como o Chega. E eu fiquei estupefacto. O Chega tem propostas que não se enquadram no texto constitucional, mas o Chega não é anticonstitucional.”
Ora bem, se o Tribunal Constitucional der luz verde ao "Chega", uma coisa dou como certa: a abstenção tenderá a baixar...
Após a aprovação do Tribunal Constitucional, Pedro Santana Lopes vem em grande destaque no Semanário Sol desta semana.
Numa entrevista, que a meu ver foi bem conseguida, Santana refere vários pontos que reforçam a urgência por novas forças políticas. Nota que hoje em dia “as pessoas chegam às sedes dos partidos tradicionais e os partidos estão fechados sobre si próprios” e acrescenta que esses partidos estão “sempre a discutir eleições para a distrital, eleições para a concelhia, eleições autárquicas e eleições legislativas...vivem para isso”.
Basicamente, o sistema partidário está obsoleto e a cheirar a mofo (palavras minhas).
Quanto ao que foi dizendo relativamente às suas propostas, não foi muito, mas não me desagradou. Não que tudo vá de encontro ao que penso, mas Santana tem a capacidade de identificar muito bem os problemas, tanto nacionais como europeus...
Defende a permanência de Portugal na Zona Euro, mas por uma zona monetária a várias velocidades. Fala em compensações e contrapartidas, onde “os fundos europeus têm de servir para apoiar metas quantitativas”, como por exemplo um aumento da produtividade.
Reforça a necessidade por uma redução da carga fiscal, referindo inclusivamente que não aumentaria os ordenados da função pública porque preferiria beneficiá-los com uma descida de impostos. Com esta frase ganhou uns pontos. Santana já disse mais do que muitos partidos do centro/centro direita que se opõe ao Orçamento, mas que não têm coragem de verbalizar tudo o que pensam.
A Aliança pode não fazer história, pode não ter um resultado que se destaque, pode não ter os 15 deputados de que Santana fala. Mas uma das características que valorizo mais nas pessoas é a coragem. Santana Lopes com a sua carreira na política (goste-se ou não do seu percurso) teve a coragem de criar um partido novo e chega-se à frente sem medo do que possam pensar dele e do resultado que venha a ter.
E isso...é admirável nos dias de hoje.
Para além daquilo a que chamo de “crónica de uma vitória anunciada” do Messias Bolsonaro nas eleições do Brasil, o dia de Domingo ficou também marcado pelas eleições no estado do Hesse, na Alemanha. A CDU de Angela Merkel terá perdido 10 pontos percentuais face às eleições anteriores, mas mais grave ainda foi o resultado da extrema-direita que permite a entrada pela primeira vez no parlamento do Hesse.
Os tempos estão a mudar...e demasiado depressa...
Os comentadores de serviço falam e repetem incessantemente que estes partidos são fascistas, são homofóbicos, tudo, e mais alguma coisa.
Mas será que não interessará perguntar: porque é que existem pessoas (e muitas) que sabendo da natureza desses partidos decidem votar neles?
Sexta-feira é dia de...Inimigo Público. Aqui vai um recorte da edição desta semana.
Para não variar, não desilude. Sou fããããããããã!
E eis que já temos um novo partido no sistema político nacional. O Tribunal Constitucional deu luz verde ao partido de Pedro Santana Lopes, como podem confirmar pelo seguinte post:
Bem...agora é tempo de começarmos a dissecar as propostas...
A Comissão Europeia rejeitou pela primeira vez o orçamento de um país, o da Itália. Aos italianos foi dado um prazo de 3 semanas para reformular o seu Orçamento de Estado, ou que, caso contrário, seriam adequadamente “punidos” pela Comissão. A resposta do governo italiano não tardou a chegar, na "voz" de Luigi Di Maio, vice-primeiro ministro:
Ao ler este post, confesso que tive um déjà vu...lembrei-me do Varoufakis, ex-ministro das Finanças grego. Já agora, alguém se lembra do que lhe aconteceu, e do que se passou com a Grécia?
E a rubrica leituras imperdíveis voltou!! E o destaque vai para...o segundo volume do livro “Quintas-feiras e outros dias” do ex-presidente da República, Aníbal Cavaco Silva (ao que parece o livro vai ser lançado amanhã)
Como se não fosse suficiente o primeiro...
Para além das tão pré-anunciadas intrigas políticas e ódios pessoais vão sempre poder rir um pouco com o modo de pensar desta personagem. A CMTV que agora anda numa onda de fazer ficção nacional, que aproveite o enredo para fazer um “House of Cards” à moda portuguesa (de nada, pela sugestão).
Há gente que realmente não tem a capacidade de perceber quando deve sair de cena.
Partilho na íntegra o último artigo escrito pelo jornalista assassinado, Jamal Khashoggi, para o The Washington Post. Este texto integra a edição de hoje do Expresso Diário. O texto foi traduzido por Luís M. Faria.
“O que o mundo árabe mais precisa é de liberdade de expressão
Estava online, recentemente, a ver o relatório “Liberdade no Mundo” e cheguei a uma grave conclusão. Só há um país no mundo árabe que pode ser classificado como “livre”. Essa nação é a Tunísia. A Jordânia, Marrocos e o Kuwait vêm em segundo lugar, com a classificação “parcialmente livres”. Os restantes países no mundo árabe surgem classificados como “não livres”.
Como resultado, os árabes que vivem nesses países ou não estão informados ou são mal informados. Não podem lidar adequadamente com, e muito menos discutir, assuntos que afetam a região e as suas vidas no dia a dia. Uma narrativa decidida pelo Estado domina a psique pública e, embora muitos não acreditem nela, uma grande parte da população é vítima dessa falsa narrativa. Infelizmente, é improvável que a situação mude.
O mundo árabe estava cheio de esperança na primavera de 2011. Jornalistas, académicos e a população em geral transbordavam de expectativa com uma sociedade árabe brilhante e livre nos seus respetivos países. Esperavam ser emancipados da hegemonia dos seus governos e das intervenções constantes e da censura de informação. As esperanças foram rapidamente desfeitas. Essas sociedades ou regressaram ao velho status quo ou passaram a enfrentar condições ainda mais duras do que anteriormente.
Um amigo meu, o proeminente escritor saudita Saleh al-Shehi, escrevia uma das colunas mais famosas jamais publicadas na imprensa saudita. Infelizmente, está agora a cumprir uma pena injustificada de cinco anos de cadeia por alegados comentários contra o establishment saudita. Quando o governo egípcio apreendeu a edição inteira de um jornal, o “al-Masry al Youm”, isso não indignou nem provocou uma reação por parte de colegas. Estas ações já não têm como consequência repercussões negativas entre a comunidade internacional. Em vez disso, geram uma condenação rapidamente seguida por silêncio.
Como resultado, os governos árabes ficaram com as mãos livres para continuarem a silenciar os media a um ritmo crescente. Houve um tempo em que os jornalistas pensavam que a internet ia libertar a informação da censura e do controle associados à imprensa escrita. Mas estes governos, cuja própria existência depende do controlo da informação, bloquearam agressivamente a internet. Também têm prendido repórteres locais e pressionado anunciantes a cortar o rendimento de publicações específicas.
Uns poucos oásis continuam a encarnar o espírito da Primavera Árabe. O governo do Qatar continua a apoiar a cobertura noticiosa internacional, num contraste com os esforços dos seus vizinhos para manter o controlo da informação a fim de apoiar a “velha ordem árabe”. Mesmo na Tunísia e no Kuwait, onde a imprensa é considerada pelo menos “parcialmente livre”, os media focam temas domésticos mas não temas que respeitem ao mundo árabe mais vasto. Hesitam em fornecer uma plataforma a jornalistas da Arábia Saudita, do Egito e do Iémen. Mesmo o Líbano, a joia da coroa do mundo árabe em matéria de liberdade de imprensa, tornou-se vítima da polarização e influência do Hezbollah, pró-iraniano.
O mundo árabe enfrenta a sua própria versão de uma Cortina de Ferro, imposta não por atores externos mas por forças domésticas em busca de poder. Durante a Guerra Fria, a Radio Free Europe, que se foi tornando ao longo dos anos uma instituição crítica, teve um papel importante a alimentar e suster a esperança de liberdade. Os árabes precisam de algo semelhante. Em 1966, o “New York Times” e o “Washington Post” assumiram a propriedade conjunta do “International Herald Tribune”, um jornal que acabaria por ser uma plataforma para vozes de todo o mundo.
A minha publicação, o “Post”, tomou a iniciativa de traduzir muitas das minhas peças e publicá-las em árabe. Estou-lhe grato por isso. Os árabes precisam de ler na sua própria língua para poderem compreender e discutir os vários aspetos e complicações da democracia nos Estados Unidos e no Ocidente. Se um egípcio ou egípcia ler um artigo a expor o verdadeiro custo de um projeto de construção em Washington, poderá compreender melhor as implicações de projetos similares na sua comunidade.
O mundo árabe precisa de uma versão moderna dos velhos media transnacionais, para que os cidadãos possam estar informados sobre eventos globais. Mais importante, precisamos de uma plataforma para vozes árabes. Sofremos de pobreza, má gestão e baixos níveis de educação. Criando um fórum internacional independente, isolado da influência de governos nacionalistas que espalham ódio através de propaganda, as pessoas comuns no mundo árabe conseguiriam lidar com os problemas estruturais que as suas sociedades enfrentam.”
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Ora temos aqui o Bloco Central de novo a fazer das...
A pandemia chegou à democracia.Boa tarde
Uma imagem para a História, num ano adiado.Boa noi...
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Boa Páscoa