Na apresentação do livro “A Reforma das Finanças Públicas em Portugal” do economista Joaquim Miranda Sarmento, o ex-Primeiro-ministro e ex-Presidente da República Cavaco Silva decidiu abordar o tema quente das nomeações de familiares no Governo, afirmando que: “Como se tem vindo a verificar, a prática de ‘jobs for the boys’ é muito negativa para o país e para os portugueses. No livro que escrevi em 2017, classifiquei as situações deste tipo como indecorosas”.

Pelo que se percebeu pelo artigo de O Independente de 7 de fevereiro de 1992, amplamente difundido no dia de hoje, Cavaco Silva esqueceu-se de referir no seu livro de memórias (e ressentimentos) que um Governo liderado por si nomeou 15 mulheres de governantes...

Como sabemos, a memória nunca foi o forte de Cavaco Silva...

Álvaro Santos Pereira, atual diretor do departamento de estudos da OCDE e ex-ministro da Economia foi ouvido ontem no Parlamento a propósito de umas histórias que por aí pairavam acerca do relatório da OCDE sobre a corrupção.

A sua audição foi bastante elucidativa e ficamos a saber que para além de alguns membros do Governo terem manifestado incómodo com a sua presença na apresentação do relatório (presença que depois foi cancelada), que ainda fizeram pressão para que se removesse a palavra corrupção na parte relativa a Portugal.

Se podíamos ficar chocados? Podíamos. Mas talvez seja a forma mais efetiva de combate à corrupção. Se não se falar nela, não há forma de saber que existe...Esta gente da política até pensa de vez em quando...

Só que não!