Quando o sistema político treme
Todos sabemos que em Portugal reina o nepotismo e favorecem-se estruturas clientelares que se aproveitam do Estado e de todos nós. Tu ajudas os meus, eu ajudo os teus, é uma equação simples.
Com o escândalo das nomeações familiares, o Governo socialista viu-se no olho do furacão, e na pior altura possível, isto é, em ano de eleições. E como novelos, o difícil é agarrar a ponta de um belo escândalo político, porque depois basta desenrolar, e desenrolar... É precisamente isto que tem acontecido nos últimos dias com os inúmeros casos que têm vindo a público.
Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se finalmente de forma mais assertiva (exatamente o que se espera de um Presidente da República), referindo que o problema das nomeações familiares “é uma questão ética, mas quando se chega à conclusão que a ética não chega, é preciso a lei. Estamos a chegar à conclusão que a ética não chega, é preciso mudar a lei também no que respeita à nomeação de colaboradores também de titulares de cargos políticos”.
Bem, a partir de agora, agarrem-se aos vossos assentos e desfrutem da diversão! Prestem atenção às mil e uma desculpas que os diferentes partidos vão arranjar para que a lei não avance. E porquê? Porque isto não é apenas um problema do Governo socialista, é um problema transversal a todo o sistema político. A lei regularia todos e ninguém quer sair prejudicado. Depois como é que se compensavam os favores e os favorzinhos?