O "win-win" de António Costa?
Aos menos atentos, diz-se por aí que o Governo pode demitir-se amanhã. Ai! Porquê? Amanhã vota-se a possibilidade de recuperação integral do tempo de serviço dos professores, e alegadamente o Governo pondera demitir-se pelos elevados custos financeiros da proposta.
Vejamos o efeito de uma demissão do Governo pelos seguintes quadrantes:
- Para a sociedade em geral, a demissão e consequente antecipação das eleições legislativas não aquece, nem arrefece. Desde que não afete a carteira está tudo bem.
- Os professores passavam a ser olhados com mais desconfiança pela opinião pública e seriam, em parte, responsabilizados pela queda do Governo.
- Os restantes partidos seriam responsabilizados eleitoramente e eram apanhados com “as calças na mão”. Teriam de antecipar a apresentação dos programas eleitorais, quando muito provavelmente ainda têm muito pouco para mostrar...
- E o PS? O PS tem estado em queda nas sondagens, pelo que precipitar as eleições legislativas reduzia o período temporal para uma queda mais acentuada... Ao unir as eleições europeias com as legislativas galvanizam a campanha eleitoral de Pedro Marques, que tem estado anémica. Podiam, também, alegar que o Governo caíra pelo compromisso que têm com o rigor das contas públicas. Aos que consideram que este argumento seria mal recebido pelos portugueses, basta ver que Mário Centeno é o ministro mais popular do Governo...Para terminar, salvaguardavam-se dos danos eleitorais decorrentes da incerteza da época de incêndios.
E se a proposta não for aprovada? É porque o aviso foi levado a sério.