Saiu na última edição do Semanário Expresso uma entrevista da Mariana Mortágua. Gastei uns minutos e li algumas coisas que me fizeram rir: “na saúde falta investimento, e não é porque o Governo não tenha posto dinheiro na Saúde. Não alinhamos na campanha de que há cortes: há um aumento do orçamento, mas o problema é que a Saúde está numa situação limite há tantos anos que não são pequenos incrementos que resolvem o desgaste”.
Vamos por partes. Esta conversa de a saúde estar numa situação limite há vários anos (antes do atual Governo é a que Mortágua se refere), é conversa para fazer dormir. O BE apoia o atual Governo há 3 anos, logo já teve tempo e mais que tempo para corrigir o que entendem estar errado.
Depois, Mariana Mortágua (assim como o BE) saberá certamente, que o facto de haver mais orçamento para a saúde não quer dizer muito, quando numa fase posterior as despesas podem ser cativadas. Para os menos conhecedores: cativações=cortes disfarçados. É mais chic.
Por último e não menos importante, os partidos políticos deviam ter a capacidade de assumir as responsabilidades pelas decisões que tomam, para o bem e para o mal. Por exemplo, a redução para as 35h de horário semanal na saúde pode valer muitos votos, mas também terá um impacto fortíssimo em termos de despesa. Como o orçamento não estica, os partidos deveriam ter a honestidade intelectual de dizer que o que fica por fazer ou o défice criado, que terá de ser pago por nós mais tarde ou mais cedo, poderá ser igualmente da sua responsabilidade.
Mas tal como o caso Robles mostrou, o BE é de uma casta diferente.