Aqui vai um excerto do artigo de opinião “Democracia de qualidade” de Nuno Garoupa para o jornal Público. Podem ver aqui o texto na íntegra.
“1 - A progressiva transformação, em Portugal, da democracia em partidocracia não se pode dizer que tenha sido surpreendente. Era, talvez até, inevitável. Os regimes anteriores, com maior ou menor pendor democrático, sempre se caracterizaram por dois aspetos – predomínio de uma clique endogâmica em Lisboa (a Corte), fruto de um processo de seleção cooptado e não competitivo, e o caciquismo local. Seria, pois, difícil esperar que o regime atual, para mais já longevo, não refletisse essa realidade.
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2 - A gerontocracia também não podemos dizer que surpreende. É herdeira direta da brigada do reumático. A História repete-se – uma geração chega ao poder cedo em virtude de uma revolução que afasta a geração anterior e depois não cede voluntariamente o poder à geração seguinte. Foi assim em 1926, foi assim em 1974. O aumento da idade média dos deputados e dos governantes até é provavelmente o sintoma menos grave. A presença dos “senadores” nas sinecuras dos regimes, nos estudos principescamente pagos, nos pareceres remunerados a preços internacionais, nos espaços públicos é um sinal muito mais evidente do fenómeno.”
É caso para dizer, na mouche!