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A Woman in Politics

Millennials are changing the future of politics

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22
Out18

Pela liberdade de expressão

Partilho na íntegra o último artigo escrito pelo jornalista assassinado, Jamal Khashoggi, para o The Washington Post. Este texto integra a edição de hoje do Expresso Diário. O texto foi traduzido por Luís M. Faria.

O que o mundo árabe mais precisa é de liberdade de expressão

Estava online, recentemente, a ver o relatório “Liberdade no Mundo” e cheguei a uma grave conclusão. Só há um país no mundo árabe que pode ser classificado como “livre”. Essa nação é a Tunísia. A Jordânia, Marrocos e o Kuwait vêm em segundo lugar, com a classificação “parcialmente livres”. Os restantes países no mundo árabe surgem classificados como “não livres”.

Como resultado, os árabes que vivem nesses países ou não estão informados ou são mal informados. Não podem lidar adequadamente com, e muito menos discutir, assuntos que afetam a região e as suas vidas no dia a dia. Uma narrativa decidida pelo Estado domina a psique pública e, embora muitos não acreditem nela, uma grande parte da população é vítima dessa falsa narrativa. Infelizmente, é improvável que a situação mude.

O mundo árabe estava cheio de esperança na primavera de 2011. Jornalistas, académicos e a população em geral transbordavam de expectativa com uma sociedade árabe brilhante e livre nos seus respetivos países. Esperavam ser emancipados da hegemonia dos seus governos e das intervenções constantes e da censura de informação. As esperanças foram rapidamente desfeitas. Essas sociedades ou regressaram ao velho status quo ou passaram a enfrentar condições ainda mais duras do que anteriormente.

Um amigo meu, o proeminente escritor saudita Saleh al-Shehi, escrevia uma das colunas mais famosas jamais publicadas na imprensa saudita. Infelizmente, está agora a cumprir uma pena injustificada de cinco anos de cadeia por alegados comentários contra o establishment saudita. Quando o governo egípcio apreendeu a edição inteira de um jornal, o “al-Masry al Youm”, isso não indignou nem provocou uma reação por parte de colegas. Estas ações já não têm como consequência repercussões negativas entre a comunidade internacional. Em vez disso, geram uma condenação rapidamente seguida por silêncio.

Como resultado, os governos árabes ficaram com as mãos livres para continuarem a silenciar os media a um ritmo crescente. Houve um tempo em que os jornalistas pensavam que a internet ia libertar a informação da censura e do controle associados à imprensa escrita. Mas estes governos, cuja própria existência depende do controlo da informação, bloquearam agressivamente a internet. Também têm prendido repórteres locais e pressionado anunciantes a cortar o rendimento de publicações específicas.

Uns poucos oásis continuam a encarnar o espírito da Primavera Árabe. O governo do Qatar continua a apoiar a cobertura noticiosa internacional, num contraste com os esforços dos seus vizinhos para manter o controlo da informação a fim de apoiar a “velha ordem árabe”. Mesmo na Tunísia e no Kuwait, onde a imprensa é considerada pelo menos “parcialmente livre”, os media focam temas domésticos mas não temas que respeitem ao mundo árabe mais vasto. Hesitam em fornecer uma plataforma a jornalistas da Arábia Saudita, do Egito e do Iémen. Mesmo o Líbano, a joia da coroa do mundo árabe em matéria de liberdade de imprensa, tornou-se vítima da polarização e influência do Hezbollah, pró-iraniano.

O mundo árabe enfrenta a sua própria versão de uma Cortina de Ferro, imposta não por atores externos mas por forças domésticas em busca de poder. Durante a Guerra Fria, a Radio Free Europe, que se foi tornando ao longo dos anos uma instituição crítica, teve um papel importante a alimentar e suster a esperança de liberdade. Os árabes precisam de algo semelhante. Em 1966, o “New York Times” e o “Washington Post” assumiram a propriedade conjunta do “International Herald Tribune”, um jornal que acabaria por ser uma plataforma para vozes de todo o mundo.

A minha publicação, o “Post”, tomou a iniciativa de traduzir muitas das minhas peças e publicá-las em árabe. Estou-lhe grato por isso. Os árabes precisam de ler na sua própria língua para poderem compreender e discutir os vários aspetos e complicações da democracia nos Estados Unidos e no Ocidente. Se um egípcio ou egípcia ler um artigo a expor o verdadeiro custo de um projeto de construção em Washington, poderá compreender melhor as implicações de projetos similares na sua comunidade.

O mundo árabe precisa de uma versão moderna dos velhos media transnacionais, para que os cidadãos possam estar informados sobre eventos globais. Mais importante, precisamos de uma plataforma para vozes árabes. Sofremos de pobreza, má gestão e baixos níveis de educação. Criando um fórum internacional independente, isolado da influência de governos nacionalistas que espalham ódio através de propaganda, as pessoas comuns no mundo árabe conseguiriam lidar com os problemas estruturais que as suas sociedades enfrentam.”

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